Aécio também deve ser investigado na Lava Jato
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) deve passar a ser investigado formalmente na Operação Lava Jato depois de ter sido acusado de receber propina na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS). O caso será analisado pelos procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República. Entretanto, na avaliação preliminar de investigadores ouvidos pela reportagem, deve ser pedida abertura de inquérito contra o tucano, que é presidente nacional do PSDB.
O fato considerado mais grave pelos procuradores é a acusação de que Aécio atuou para "maquiar" dados do banco Rural a serem enviados à CPI dos Correios, que investigou o mensalão.
Segundo Delcídio, Aécio atrasou o envio desses dados para fazer a operação.
"A maquiagem consistiria em apagar dados bancários comprometedores que envolviam Aécio Neves, Clésio Andrade, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marcos Valério e companhia", disse.
Ele contou que o então secretário-geral do PSDB, Eduardo Paes, hoje prefeito do Rio de Janeiro, foi enviado por Aécio para pedir a Delcídio, então presidente da CPI, aumento no prazo para o envio das quebras de sigilos bancários.
"Ficou sabendo que os dados eram maquiados porque isso lhe fora relatado por Eduardo Paes e o próprio Aécio Neves", disse Delcídio.
Em outro termo de sua delação, o senador Delcídio afirmou que Aécio recebeu propina de Furnas, empresa de economia mista subsidiária da Eletrobras.
A declaração de Delcídio repetiu depoimento prestado pelo doleiro Alberto Youssef, que também afirmou que Aécio recebia propina de Furnas, mas não houve abertura de inquérito para investigar o caso.
"Questionado quem teria recebido valores de Furnas, o depoente disse que não sabe precisar, mas sabe que Dimas [Toledo, ex-presidente de Furnas] operacionalizava pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio Neves." Segundo ele, o ex-líder do PP na Câmara José Janene, morto em 2010, também recebia dinheiro de Furnas.
Em nota, Aécio afirmou que as citações feitas pelo ex-líder do governo no Senado ao seu nome são "todas elas falsas". Segundo o tucano, as menções são "mentiras" que não se sustentam na realidade e se referem apenas a "ouvi dizer" de terceiros.
Beatriz Bulla
Agência Estado
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